terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Coisas de nada


Ficar aqui a ver as ovelhas longe, longe, num quadrado de terra, baças na neblina que enche o ar, vultos quase indecifráveis na erva verde que nasceu subitamente a seguir às chuvas, lá estão para me distrair estes minutos breves.
Ah, o carro já está pronto, era só um fusível.

Saudade


Tenho saudade de ti, nem que seja só da tua voz.
Claro que um homem só diz isto a uma mulher ou a um poeta e tu és mulher e poeta.

domingo, 20 de janeiro de 2013


A minha heroína

Corria dantes entre alguns cristãos ter um pobre, um, pelo menos, em que a sua compaixão se pudesse derramar concretamente. Eu tenho uma heroína, é a D. Maria.
Morreu-lhe o marido eram os filhos ainda crianças, três. Não era um exemplo de bom companheiro, bebia de mais e gastava sem tino o dinheiro escasso mas há de o ter chorado, nunca vi mas sei que o chorou porque conheci bem alguém que lhe aconchegou as lágrimas, era o seu único homem; a quem dedicar agora os afetos mais íntimos?
Os filhos eram meninos. Exemplarmente honesta criou-os escorreitos e decentes, a trabalhar a dias. Já são crescidos, já é avó.
Via-a, vejo-a, sempre bem-disposta, a sorrir, pronta a rir com alegria.
Sempre prestável. Delicada traz-me filhoses no natal e convidava sempre o meu filho para almoçar quando fazia cosido à portuguesa, sabia que ele gosta.
Fica aqui nomeada a letras discretas a minha inspiradora heroína.

Ainda o cão


Sugiro aos  peticionários e aos anti-peticionários que leiam o artigo "Cães, Crianças e Petições Inconsequentes", de Manuel Magalhães Sant'Ana, investigador de ética animal, no Público de ontem, sábado 19.

domingo, 13 de janeiro de 2013


“Aqueles que tratam os animais como pessoas, tratam as pessoas como animais”


50 mil consciências estremecem na net por piedade do cão zico , contra o seu abate, coitadinho.

O Ministério Público parece que suspendeu a decisão.

Só falta a petição reivindicar um julgamento justo para o bicho em tribunal.

O assunto incomoda-me, dá que pensar, mas o pudor inibe-me de fazer mais comentário.

sábado, 12 de janeiro de 2013


IMPROVÁVEL

É a natureza deste blogue.
Embora me tenha passado pela cabeça, de vez em quando, rabiscar qualquer coisa por aqui, mas sempre achei inútil: nada de novo tenho, eu, a acrescentar ao que está dito.

Improvável também já que passa existir porque fui impelido, quase obrigado pela devoção fraternal de quem o criou, teimosa.

Improvável porque o meu fôlego não vai além dum breve sopro só capaz, talvez, de levantar por um instante o pó do tema.

Mas seja, seja como estar no café com amigos a falar por falar, pelo gosto de estarmos assim.

Improvável porque sei lá quantas vezes virei aqui sentar-me, não gosto de estar muito tempo sem muito tempo para fazer nada.

Provável é que ninguém mais se sente, o que é sensato, provavelmente.